sábado, 8 de fevereiro de 2014

30 segs - Yohan Huget (França)

Foram várias as vozes que justificaram os dois primeiros ensaios Franceses com azar no ressalto da bola. E de facto, em dois pontapés, a bola caiu, direitinha, nos braços de jogadores Franceses, que a levaram para lá da linha de ensaio, para 5 pontos.

Aos 30 segundos, Plisson (10) executa um pontapé rasteiro nas costas da linha defensiva Inglesa e Huget (14), com tempo para dominar a bola no peito, abraça o "melão" à segunda e passa por um surpreendido Mike Brown (15). A segunda cortina de Danny Care (9) chega tarde para evitar o ensaio. Ponto Final Parágrafo? Não. Na minha opinião não, e houve vários pequenos erros que contribuíram decisivamente para que Huget tivesse tempo e espaço para recolher a bola. Analisemos:


Depois do primeiro adiantado do ponta estreante Jack Nowell (14), a França organiza uma primeira fase sem grande ciência. Apenas um jogador disponível para receber - Papé (5), dois apoios axiais e um interior.  Linha defensiva Inglesa bem organizada, em linha, com excepção de Wood (6) ligeiramente atrasado. O ponta Johny May (11), no lado aberto/esquerdo, subido. 

O posicionamento de May é aceitável porque a bola está próxima dos 22m (menos espaço nas costas para defender). Mike Brown em posição central, parece controlar a bola, que será levada para um segundo contacto/ruck na parte direita do terreno. Nowell reposiciona-me e está ainda a cobrir o lado fechado após saída da bola do primeiro ruck.


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O segundo ruck é bem lento, com os ingleses a conseguirem, com 2 homens apenas (Hartley e Lawes) atrasar a saída de bola. Nota-se a preocupação dos Ingleses em não inundarem a zona do contacto/ruck com defesas, optando por colocar mais rapidamente homens na linha defensiva, com dois propósitos: ocupação rápida de uma maior largura de terreno, e subida mais rápida e pressionante da linha defensiva (com mais homens, é preciso deslizar menos, em princípio). 

Doussain (9) passa a bola para Nyanga (6) estático, o que permite o ganho de terreno significativo da defesa Inglesa, que subiu na agora muito em voga cunha invertida, com o jogador mais adiantado da linha a posicionar-se no meio, descrevendo um V com os defensores interiores e exteriores. Este V permite conjugar a pressão da defesa "blitz" (até ao homem mais adiantado) com a ocupação deslizante dos homens exteriores, que trabalham em conjunto com a segunda cortina. Momento fantástico da defesa Inglesa, que permite que o terceiro ruck se forme uns 5 metros atrás do ponto de partida da bola.

E aqui começam as questões relativas ao processo de decisão dos defensores Ingleses.


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Nyanga consegue, a partir de uma posição estática, ganhar 1 metro no contacto, e Tom Wood placa baixo, colocando o jogador rapidamente no chão - VITÓRIA DA DEFESA, bola disputável. Os primeiros a chegar à zona de contacto, em posição legal, são Robshaw (7) e Owen Farrel (10). Basteraud (13) e Flanquart (4) chegam mais tarde. Aparentemente, uma oportunidade ideal para forçar uma recuperação de bola.


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No entanto - talvez seguindo as instruções para dar prioridade à recolocação na linha defensiva em detrimento da disputa de bola no chão - Farrel nem sequer pensa na bola.


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E a Basteraud bastou lidar com Robshaw, cabendo a Flanquart fazer aquilo a que se deliberou designar no jargão internacional o "firewall": a protecção do ruck limpo.

Oportunidade perdida? Respeito pelo plano defensivo de jogo?


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Os Franceses ganham o direito a um ruck rápido, e a bola é disparada para um Plisson muito profundo, com Fofana (12) e Brice Dulin (15) ainda mais profundos, e Huget (14) colado à linha, à espera de um passe longo. Ou de um pontapé rasteiro nas costas. Repare-se igualmente como Jonhy May perdeu Huget de vista e olha para o espaço interior, para a bola. 


E a defesa Inglesa sobe pressionante, perante uma linha Francesa profunda. O objectivo seria ganhar rapidamente terreno e reduzir espaço e tempo de manobra aos quatro 3/4 Franceses que compunham o ataque. Mas os Ingleses foram incompetentes na decisão em dois aspectos:


1 - porque o ruck Francês foi extremamente rápido, Owen (10) e Marler (1) acabam por se atrasar na subida, e Twelvetrees (12), o terceiro homem na linha, dispara mas fica com Plisson, o primeiro receptor, deixando um 2 x 3 fora de si, que Plisson preferiu ignorar em detrimento do pontapé já aguardado por Huget.


2 - colectivamente, o 3 de trás Inglês não reagiu e deixou demasiado espaço nas costas de May, talvez congelados pela ideia que o jogo decorria praticamente nos 22m defensivos. A verdade é que tinham (com a área de ensaio incluída) 40 metros nas costas da linha para defender, e havia que reagir de forma diferente.


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Foi Phil Larder, antigo treinador de defesa da Rosa, quem introduziu ou pelo menos popularizou a defesa "Iron Curtain", que incluia, entre outras inovações, a basculação integrada de um diamante formado por 9 - 11 - 14 - 15 por detrás da linha defensiva. No caso concreto, duas coisas poderiam/deveriam ter sucedido, por iniciativa dos jogadores:

A - Johny May podia ter-se apercebido do recuo dos Franceses no terreno e da paridade númerica defensiva, deixando-se recuar face ao penúltimo defensor Inglês, permitindo a Mike Brown manter a sua posição profunda e a Nowell (14)  manter a defesa da diagonal interior profunda; ou



B - apercebendo-se do avanço de May, Brown subia um pouco no terreno defendendo o espaço imediato atrás de May, obrigando à aproximação de Nowell que defenderia o espaço axial profundo.




Nada disto sucedeu, e Plisson colocou a bola no espaço livre nas costas de May.


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Finalizando a análise crítica - e não perco de vista o facto de as coisas no campo serem muito diferentes, e mais difíceis, do que num ecrã de computador ou TV - a linha de corrida de Danny Care (9), que foi correcta, mas sempre em trote; apenas arranca quando Huget bate um Brown surpreendido pelo ressalto  da bola e consequente domínio de peito pelo Francês.

Primeiro responsável pela segunda cortina defensiva, não só Care chegou tarde a Huget, o que se compreende porque a acção decorre junto à linha lateral, como chegaria seguramente tarde a Brice Dulin caso Huget conseguisse fazer o "offload" se placado por Brown, o que já se compreende mais dificilmente, pois é precisamente para isso que serve a segunda cortina. 


Talento Francês? Algum

Sorte Francesa? Alguma

Incompetência tática Inglesa? Em certa medida. E este será o elemento em que Stuart Lancaster quererá concentrar-se, por ser o único que domina.

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