segunda-feira, 24 de novembro de 2014

sábado, 19 de julho de 2014

Formar para vencer



http://www.rfu.com/ruckley/~/media/Images/2013/Ruckley/Play_rugby_250.ashx

É uma inevitabilidade: andamos no desporto de competição para vencer. Nesse aspecto, é um pouco como a política (já regresso a este ponto). E tudo o que é feito numa organização desportiva tem como fito último a vitória, mesmo no caso das organizações que valorizam o processo em detrimento do resultado – fazem-no, na sua maioria e paradoxalmente, porque acreditam que ao valorizar o processo, ficam mais próximos de alcançar o resultado. Por processo entenda-se não só os procedimentos, mas também o conjunto de normas que regem toda a conduta dos membros integrantes, i.e. a cultura da equipa.

O imperativo da vitória

A verdade, porém, é que o desporto competitivo não admite a sobrevivência de processos que redundem, sucessiva e maioritariamente, em derrotas. É claro que a noção de vitória varia consoante a organização – para uns serão títulos, para outros classificações meritórias (pelo menos até ao momento em que estas sejam em número tal que os títulos passem a ser exigidos), para outros ainda resultados financeiros associados à exploração da actividade desportiva. De todo o modo, é de vitória que falamos em competição, independentemente do significado circunstancial.

Contratar ou formar?

A questão da formação de jogadores está em voga (no rugby, seguramente, mas também no futebol), e está intimamente relacionada com este paradigma existencial do desporto competitivo. Para vencer precisamos de jogadores; que por sua vez terão de ser angariados/contratados, ou formados. Note-se que a formação não exclui – deve, aliás, atender e entender – esse maravilhoso e aberrante fenómeno da geração espontânea, que permite que miúdos que jogaram toda a vida descalços, com cocos ou amontoados de papel colado no lugar de bola, em pelados invadidos por crateras e calhaus, sejam hoje o Samuel Eto’o ou o Rupeni Cacaunibuca.

Se a contratação apresenta a vantagem de não exigir estrutura significativa, na medida em que meia dúzia de olheiros “varrem” o globo com recurso às actuais e inúmeras ferramentas tecnológicas, nem outro investimento que não seja o correspondente à eventual aquisição de direitos desportivos, encerra um risco significativo, já que a observação não nos oferece garantias quanto ao tipo de jogador que estamos a recrutar para a nossa organização, e muito menos o tipo de pessoa. Basta recuperar, como demonstração, as memórias de incontáveis expectativas frustradas com contratações de jogadores, que se revelaram um flop.

Inversamente, o processo formativo permite que acompanhemos o desenvolvimento das vertentes motoras, técnicas e tácticas do jogador, fomentando, crítica e essencialmente, a identificação com a cultura do clube. Contudo, a formação exige um investimento apreciável, sobretudo em pessoas – e não tanto em infraestruturas, contrariamente à crença popular – que tem retorno variável e inevitavelmente a longo prazo.

Risco e recompensa

Sobre o rácio risco/recompensa falarão com maior propriedade os economistas, que reduzem praticamente tudo a números, e o desporto também. Recordo o furor causado nas massas pelo Moneyball, que encontra paralelo na obsessão analítica em voga nos anos ’90, com a introdução dos softwares de análise de jogo. O desporto não se contém em números ou estatísticas, mas seria estúpido ignorar a boa informação que a matemática analítica nos oferece.

Quando se contrapõe formação a contratação, referimo-nos essencialmente a risco e recompensa. Compreende-se a dificuldade de afirmação das valências da formação, como ferramenta primordial de recrutamento e composição de um plantel. Primeiro, porque os treinadores têm ciclos nas equipas – como os políticos, nos cargos que ocupam – e sentem a necessidade, largamente injustificada, de apostar em gente que conhecem, “batida” e que apresente resultados imediatos; injustificada porque não existe no mundo calculadora capaz de enumerar as contratações falhadas, algumas pagas a peso de ouro. Para estes, a aposta nos miúdos fica para depois, para alguém que “feche a porta”; as semelhanças com a política são recorrentes.

No entanto, estou convencido que o facto que concorre primordialmente para a desvalorização do processo formativo é a circunstância das organizações valorizarem sobretudo – e porventura unicamente – a contribuição técnica e táctica do jogador, sem consideração pelo carácter, temperamento e adequação à cultura da organização. É claro que com “coxos” ninguém ganha, mas sou dos que acredita que não basta saber chutar, passar e placar. Um bom jogador tem de ser, como recordou com perspicácia o Francisco Pereira Branco no P3, acima de tudo, ainda melhor pessoa. Enquanto não for outorgada dimensão crítica ao ethos, a formação será sempre um expediente para “inglês ver”, ou para cumprimento de coloridas regras ad hoc, algures entre os jogadores formados localmente da UE e as quotas raciais na África do Sul (não se leia neste apontamento qualquer crítica a estas regras, que podem até ser necessárias; lamenta-se apenas que o estado de coisas exija que alguém a pense).

Apenas a vitória

Não proponho que se defenda nada mais que a vitória. Acredito que o caminho mais sustentável para lá chegar é através da formação de culturas fortes, assentes na integridade, qualidade motora, técnica e táctica, que por sua vez exige uma aposta forte na qualificação de quadros formadores, que resultarão em melhores jogadores e melhores pessoas. O recrutamento terá sempre um papel complementar, importante.

A Alemanha campeã do mundo anda desde o início do século a pensar nestas coisas, com o sucesso que se conhece (uma liga profissional com estádios cheios, lucrativa, níveis de participação em máximos históricos, o quarto campeonato do mundo). 

Talvez tenhamos investido demasiado tempo e – não nos iludamos – dinheiro em apenas parte da equação. O problema maior é que não se vislumbra, no rugby como no futebol, quem se preocupe em caracterizar o contexto, em identificar virtudes e faltas, em apresentar e discutir soluções. Estamos sempre a tempo.


quarta-feira, 18 de junho de 2014

"Earning the right to go wide" - falência de modelos

Tive o distinto prazer de ser treinado no CDUL por João Paulo Bessa (cujo verbo pode ser consultado no seu XVcontraXV e no P3) e tenho o ainda maior prazer de ser seu amigo, e de com ele poder falar sobre rugby. O arquitecto ensinava com singular simplicidade o muito discutido, e em voga, conceito de ganhar o direito a alargar o perímetro de jogo (earning the right to go wide), recorrendo apenas aos seus braços.

A ideia é simples. A linha defensiva organizada ocupa o espaço disponível para atacar. 

Ao atacar a linha defensiva, e quebrar essa mesma linha, obrigamos a defesa a concentrar e contrair, libertando espaço exterior. Ou seja, ao vencermos a batalha física, obrigamos o adversário a chamar mais recursos (homens) para o ponto de quebra; homens que passarão a faltar nos corredores exteriores (ou interiores, se não houver reorganização defensiva). 



E se esta ideia é insofismável, reflectindo na perfeição o imperativo do domínio físico da colisão como pressuposto táctico para o sucesso, a interpretação que alguns dela fazem, ainda que circunstancialmente, pode ser redutora. Warren Gatland, um dos mais bem sucedidos treinadores da era moderna, que o diga. 

Gatland distinguiu-se em Waikato, de onde herdou a superioridade no confronto físico como elemento essencial da sua forma de jogar. Com quinze jogadores directos e prevalecentes na colisão, com capacidade para gerar bola rápida no "ruck", e com uma dinâmica de sucessão de "rucks" curtos (o chamado "around the corner"), Gatland juntou-lhe uma defesa pressionante dominante, cortesia de Shaun Edwards, e um jogo ao pé apostado em manter a bola dentro de campo, ciente que as leis de jogo na primeira década do Séc. XXI favoreciam a defesa e a recuperação de bola, no jogo no chão. Foi assim que dominou o campeonato Inglês nos anos 90, com os Wasps, que venceu 3 Seis Nações, incluindo 2 "Grand Slams", e a primeira vitória dos Lions, em 16 anos, frente à Australia em 2013. 

Mas as Seis Nações de 2014 demonstraram, com cristalina evidência, que o jogo evoluiu. Não foram os 3/4 galeses que perderam velocidade ou capacidade técnica. Deixaram foi de gozar do espaço e bola que antes lhes permitia o rugby mais vistoso a norte do equador. As duas equipas que melhor se adaptaram às novas regras e tendências tácticas, Irlanda e Inglaterra, foram as que mais intensamente brilharam na edição de 2014. E o Warrenball precisa de ir à revisão (na opinião ilustre de Clive Woodward, Brian Smith ou Gwyn Jones). Se Heineke Meyer conseguiu pôr os Springboks a jogar de forma um pouco distinta, Gatland consegui-lo-à seguramente. Material tem ele (veja-se a título de curiosidade o incrível ensaio de Cuthbert a semana passada).

A conclusão certa é que não existe, hoje, uma forma correcta de atacar. Tudo depende das questões colocadas pela defesa. 

Perante uma defesa rush out-in (como a dos Stormers ou o Wolfpack dos Saracens), podemos usar o passe ao pé para o espaço lateral vazio nas costas dos defensores exteriores pressionantes, ou organizar planos em profundidade para alargar o jogo desde as primeiras fases de jogo, aproveitando o espaço exterior disponível. 

Perante uma defesa deslizante in-out clássica, como a que os All Blacks adoptaram na primeira parte do jogo, importa atacar a linha da vantagem e "prender" a defesa, antes de alargar o perímetro.

Flexibilidade e adaptabilidade parece ser o nome fulcral no desenho de um modelo de jogo.

O modelo de jogo é a cartilha essencial que define os princípios de acção de uma equipa, introduzindo - em doses variadas, de acordo com a crença da equipa técnica - as estruturas que organizam as acções colectivas da equipa. Procura-se, desta forma, oferecer aos jogadores a segurança de um processo mental de decisão a que aderem todos os que compõe a equipa, com evidentes ganhos a nível de coordenação das contribuições individuais. A eficácia de uma equipa será sempre maior se, em determinada acção, os diversos jogadores envolvidos decidirem por referência a regras comuns, que todos compreendem e aceitam: cada um cumpre o seu papel, seguro que os papéis complementares, desempenhados pelos companheiros, serão também cumpridos e devidamente interligados ao seu. 

O modelo de jogo inclui, necessariamente, subtilezas e possibilidades, que pretendem reflectir as valências e defeitos do adversário, a especificidade das condições climatéricas, ou uma ideia concreta sobre a melhor forma de encarar um jogo específico, ou uma sua respectiva parte: são os planos de jogo. E assim conseguimos a tal flexibilidade.

Ainda recentemente Justin Marshall falava sobre a necessidade de ter um plano de jogo que sirva as características dos jogadores que o vão interpretar. Algo que Eddie Jones conseguiu implementar no Japão com sucesso assinalável, e que os Crusaders têm feito com sucesso inigualável nos últimos quase 10 anos. Contudo, Marshall, um histórico de Canterbury, considera que a adesão demasiado fiel às estruturas pensadas pelos treinadores de Christchurch retirou espontaneidade e capacidade de improviso aos jogadores. Por outro lado, Marshall também opina que o actual modelo não serve os interpretes; centrando a análise na estrutura vertical a partir de fases de jogo estáticas ou organizadas, que assenta em penetrações na primeira linha e lateralização para ataque de espaços exteriores criados, Marshall nota que sem Sonny Bill Williams e Robbie Fruean, Ryan Crotty não consegue jogar dentro da defesa com a mesma eficácia, permitindo que a defesa deslize anulando a lateralização criada na segunda linha.

Os Crusaders parecem ter ajustado o seu plano, a que não terá sido alheio o regresso de McCaw e Read, antes da paragem de Junho. Os resultados estão a surgir no momento certo.



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Nova Zelândia – Inglaterra

Dunedin
14 de junho de 2014
Apontamentos (enfoque no ataque)

 O 2.º test match entre a Nova Zelândia (“NZ”) e a Inglaterra arrancou com grande expectativa, após a favorita NZ ter sido vulgarizada por uma desfalcada Inglaterra na semana anterior no Eden Park em Auckland.

Nesta semana, a única alteração na NZ operou-se no três de trás com a saída do lesionado Israel Dagg para a entrada de Julian Savea, ocupando Ben Smith a posição de defesa. Na equipa inglesa muitas alterações com as entradas de Tom Wood para o lugar de Heskell, Danny Care substituiu Ben Youngs, Tweelvetrees e Luther Burrell tomaram os lugares de Kyle Eastmond e Tuilagi, tendo este passado para a ponta com Marland Yarde, saindo Jonny May do XV inicial.

A primeira parte foi equilibrada com ligeiro ascendente inglês e com 10 minutos finais de ritmo alucinante. A metade complementar foi completamente diferente, com 25 minutos iniciais de domínio total neozelandês (os únicos 25 minutos de “verdadeira” NZ ao longo de 160 minutos das test series) e 15 minutos finais de reação e grande combatividade inglesa.

Menos jogo ao pé e erros individuais, mais jogo à mão, dinâmica e criatividade ofensiva marcaram este jogo.

A pouco mais de um ano do mundial em Inglaterra, as duas equipas assumem-se, desde já, como candidatas ao troféu William Webb Ellis.

NZ

Ataque

A NZ foi uma vez mais surpreendida pela entrada fulgurante inglesa e quando teve oportunidade de iniciar o primeiro ataque, já o jogo ia nos 9 minutos e com 0-10 no marcador.

A receita para a jogada inicial foi a mesma do jogo anterior. Fase estática, bola para o abertura, salto simples para o 13 e este salta o ponto fechado (que está inicialmente já na linha ao lado do 13), colocando a bola no 15. Jogada simples com um só plano ofensivo para ser executada com passes rápidos e muita velocidade de forma a tirar partido do espaço exterior, uma vez que o ponta aberto – Tuilagi – se encontrava a defender mais recuado e largo e o ponta fechado – Yarde - ficou no seu lado. Situação que executada na perfeição poderia dar origem a um ataque de 6 para uma defesa de 4 (9+10+12+13) +1 (Tuilagi) +1 (Mike Brown). Não deu ensaio, mas criou dificuldades defensivas à Inglaterra e esteve na base dos 3 pontos iniciais para a NZ.



De fases estática, os jogadores neozelandeses também insistiram no jogo ao pé (são exemplos o cross kick mal executado para Cory Jane diretamente para fora aos 14:30m e para as costas de Tuilagi que dá origem a uma penalidade aos postes (falhada) para a NZ aos 16:25m). Refira-se que durante todo o jogo a NZ chutou 27 vezes em jogo corrido.

Saltando para os 25 minutos da 2.ª parte de domínio total da NZ (do minuto 42 ao minuto 67), numa clara mudança de atitude e concentração desta equipa. Período esse que abrangeu também a saída de Cruden (com pouca capacidade para liderar e implementar o jogo ofensivo dinâmico a que a NZ nos tem habituado) por  Barrett e a expulsão por 10 minutos de Owen Farrell.

Primeiro uma lição de contra-ataque no ensaio de Ben Smith (ver sequência abaixo). Recuperação de bola de Retallick (tal como na origem do ensaio da semana passada) e de um segundo para o outro a NZ converte uma linha defensiva em duas linhas de ataque, com Ben Smith a assumir a posição de playmaker e Whitelock e Coles de centros. Passando por estes três jogadores, a bola rapidamente chega a Cruden que imprime velocidade ao ataque (fundamental para tirar partido da vantagem numérica), fura a linha defensiva inglesa e com apoio de Savea fora e Ben Smith dentro resolvem a situação facilmente com duas situações de 2x1.









O segundo ensaio começa com dois lances de genialidade técnica neozelandesa. Primeiro, Ben Smith sobe ao último andar para ganhar de forma segura uma bola complicada no ar. Depois, Aaron Smith sai com a bola do ruck e num side step diabólico tira Dave Wilson do caminho (que, para não ser batido no exterior em velocidade, “oferece” o seu lado interior – o do ruck que fica desguarnecido - a Smith) e fez mais de 40 metros até ser apanhado. Depois de algumas fases (penetrações sempre longe da zona do breakdown anterior) em que o perfurador nunca foi o primeiro receptor (com um pick and go pelo meio) e de mudança do sentido do jogo, a bola acaba na ponta de Savea para uma finalização fácil. Importa salientar a simplicidade neste ensaio, utilizando apenas uma linha ofensiva, com permanente ataque do espaço em velocidade, capacidade técnica evoluída do pilar ao 15 e um apoio ao portador da bola que permitiu garantir a posse de bola (curiosamente os offloads só surgem na parte final da jogada).





O terceiro ensaio da NZ resulta dos básicos executados na perfeição e velocidade e de uma “grande” ajuda de uma derrotada defesa inglesa.




Estatística:
  • 567 metros ganhos
  • 11 clean breaks
  • 3 rucks perdidos
Defesa

Na defesa, a NZ mostrou problemas nos momentos iniciais em defender o maul inglês, tendo feito 3 faltas (uma de derrube de maul e duas entradas no maul pelo lado) em apenas 3:25 minutos de jogo.

Defesa de up and out clássica com tentativa de defesa de 2 em 1, procurando o segundo homem parar rapidamente o ataque inglês, evitar o offload ou a reciclagem rápida da bola e tentando, durante o processo, a recuperação da mesma. Refira-se que a NZ manteve muitas dificuldades, essencialmente durante a primeira parte e no final do jogo, em suster a fisicalidade inglesa na zona do 1.º e 2.º canal.

Falha de placagem de McCaw e Cruden muito aberto no primeiro ensaio inglês. No segundo ensaio lenta a recolocação e falha de atenção defensiva no ensaio de Mike Brown. No último...pura displicência quando o jogo já se encontrava resolvido.

Estatística:
  • 74 placagens realizadas
  • 11 placagens falhadas
  • 7 turnovers ganhos
  • 20 turnovers concedidos
Fases estáticas

Nas fases estáticas a NZ revelou algumas melhorias, com mais estabilidade na mêllèe, apesar de ter perdido 2 mêllèes próprias (10 mêllèes de introdução própria conquistadas) e ganho as suas 10 touques.

Faltas: 9

Inglaterra

Ataque

A Inglaterra entrou outra vez com carácter, apostando no maul como principal arma atacante, ganhando três penalidades nos primeiros 3:25 minutos de jogo.





O maul serviu também como base para vários ataques de primeira fase no 1.º e 2.º canal ao longo do jogo. A jogada usada recorrentemente inicia-se com a saída de Danny Care da base do maul em corrida lateral, tendo como opções o ponta fechado no interior (ou exterior curto como no primeiro ensaio), o abertura com uma corrida lateral (quase como se tivesse a fazer uma dobra aos centros) e os centros a cruzarem entre eles. Danny Care funciona como manobrador, aparecendo o ponta fechado e o 13 num primeiro plano ofensivo (perfurante) e o 10 e o 12 num segundo plano ofensivo para jogar no espaço (juntamente com o 15 e ponta aberto, estes então já numa 3.ª linha de ataque bem mais profunda).  





Esta jogada dá o primeiro ensaio inglês aos 7 minutos, graças a uma placagem (invulgarmente) falhada por McCaw e também ao facto de haver um grande buraco entre este e Cruden. Do lado inglês mérito não só para a linha de corrida e potência de Yarde no ataque do espaço, mas também à forma como Care ataca a linha criando indecisão em McCaw que só se apercebe da presença de Yarde na altura do passe para este. Burrell com uma linha de corrida para cima de Cruden obriga este a manter-se fora.


Outra variante da jogada acima confirma a tendência da equipa inglesa em (i) querer incluir o maior número de homens extra no ataque de primeira fase possível (com o formação a sair com a bola para fixar os primeiros homens da linha defensiva e o ponta fechado a aparecer em quase todas as jogadas), (ii) ter pelo menos 3 opções de passe; (iii) haver diferentes linhas de corrida (para o espaço) dos jogadores que dão essas opções; e (iv) ter quase sempre dois planos (por vezes três) ofensivos de ataque (o primeiro perfurante e o segundo para jogar no espaço, sendo, no entanto, os jogadores no segundo plano utilizados amiúde em perfuração nos espaços abertos pelos jogadores da primeira linha ofensiva – ver exemplo abaixo de Yarde).







No jogo aberto a Inglaterra consegue progredir num jogo estruturado e apoiado nos canais 1 e 2, mas parece uma vez mais menos ineficaz no ataque no canal exterior, demonstrando muita lentidão na forma como os jogadores atacam (e não fixam) a defesa neozelandesa (ver imagens abaixo). 




Embora esta tendência tenha melhorado substancialmente face ao primeiro jogo em Auckland e já com alguns movimentos assinaláveis (como na jogada do ensaio de Mike Brown ou na perfuração de Twelvetrees - ver imagens abaixo). Na jogada de Twelvetrees é interessante ver também como os decoys ingleses no primeiro plano ofensivo (e Tom Wood completamente fora de jogo) atrapalham a linha defensiva de Nonu e permitem a perfuração de Twelvetrees. Obstrução?




De realçar ainda a tentativa recorrente de Care em inverter o jogo, tentando surpreender a NZ aproveitando situações de superioridade numérica ou em que tinha jogadores mais rápidos e potentes em relação à defesa no lado fechado para progredir no terreno.

Depois dos 25 minutos de domínio total da NZ na 2.ª parte, a Inglaterra levanta-se “dos mortos” e com um resultado de 28-13 ainda marca dois ensaios.

O primeiro de jogo corrido, a Inglaterra aproveita uma situação de superioridade numérica (1 homem a mais) para marcar um ensaio num ataque com 2 planos ofensivos executado na perfeição. A linha da frente a fixar os três primeiros defensores ingleses. O receptor na segunda linha de ataque põe a bola rapidamente no espaço, criando uma situação de 3 atacantes contra 1+1 defesas. Mike Brown aparece em velocidade e recebe a bola, atacando o espaço interior do defesa que sobrou e só acabou dentro da área de ensaio (toque de meta ou não? Os árbitros dizem que sim).


O último ensaio surge já depois do minuto 80 e com 8 pontos de diferença. A vitória já não iria fugir da NZ (o que poderá justificar , mas não desculpar, a sua displicência defensiva e falhas de placagem), mas os ingleses foram persistentes, demonstrando atitude e carácter.

Estatística:
  •        358 metros ganhos
  •        7 clean breaks
  •        6 rucks perdidos
  •        26 pontapés em jogo corrido
Defesa

A Inglaterra, à semelhança do primeiro jogo, começou muito pressionante, tirando espaço à NZ para atacar e obrigando-a a cometer vários erros ofensivos. Como a NZ, a Inglaterra tentou ter um segundo homem na placagem para evitar o offload ou a reciclagem rápida da bola (para quebrar o ritmo de jogo neozelandês) e tentando, durante o processo, a recuperação da mesma.

Também na sequência do primeiro jogo, a pressão no breakdown da NZ manteve-se intensa resultando em alguns dos 19 turnovers concedidos pela equipa da NZ.

Durante o domínio da NZ no início da 2.ª parte a defesa inglesa foi claramente batida, não só a nível coletivo (posicionalmente foi um descalabro), mas essencialmente a nível individual a falha de placagem foi em alguns casos inadmissível (e.g. ensaio de Nonu). A equipa inglesa não conseguiu a coesão de outros períodos do jogo, abrindo espaços, falhando placagens e tornando-se incapaz de disputar rucks e recuperar bolas.

Durante esse período a equipa inglesa perdeu-se física e psicologicamente e quando toda a gente pensou que até ao final o jogo só teria um sentido, a Inglaterra ressuscitou com a reentrada de Farrell, com a renovada primeira linha, mas essencialmente com a clarividência de Ben Youngs (Care já não estava há muito em campo) e as entradas de Courtney Lawes e Billy Vunipola  (deveriam ter entrado mais cedo?).
  
Estatística:
  • 136 placagens realizadas
  • 31 placagens falhadas
  • 10 turnovers ganhos
  • 19 turnovers concedidos


Fases estáticas

Fases estáticas relativamente estáveis (principalmente a mêllèe), mas não tão infalíveis como no primeiro jogo em que a eficácia de conquista de mêllèes e touches de introdução própria foi de 100%, com recuperação ainda de algumas bolas de introdução neozelandesa. Inglaterra perdeu 3 e ganhou 12 touches próprias e  conquistou as suas 4 mêllèes.

Faltas: 7

Momento do jogo

O assalto à segunda parte pela NZ, mostrando velocidade de execução, domínio dos básicos e, acima de tudo, com uma eficácia mortífera.

Jogadores

Pela positiva...

Dan Coles – jogo impressionante de sacrifício e presença em todo o campo, está no ensaio de Ben Smith, está numa placagem na linha extraordinária aos 47m impedindo um ataque perigoso inglês e perfeição na introdução das touches (100% de eficácia).
Ben Smith – placagem que salvou ensaio no final da primeira parte com recuperação da bola, segurança nas bolas do ar e grande intervenção e dinâmica ofensiva ao longo de todo o jogo, finalizando um ensaio (brilhante a sua linha no apoio) que começou. Poderia, porém, ter soltado mais cedo a bola em várias situações.

Geoff Parling – um trabalhador para a equipa com 18 placagens feitas (mais do que qualquer jogador dentro de campo) e um turnover ganho.
Mike Brown – a arrancada de Tuilagi poderia ter tido outro desfecho se Brown se tivesse aproximado no apoio, mas pela segurança defensiva e no jogo aéreo, capacidade de aparecer na linha e causar desequilíbrios e intervenção nos dois últimos ensaios, merece ser o ¾ de eleição na equipa inglesa.

...pela negativa

Cory Jane – melhorou no período bom da NZ na segunda parte, até lá foram erros individuais atrás de erros individuais.
Billy Twelvetrees – com exceção de um line break na primeira parte, 3 placagens falhadas e 3 turnovers concedidos são números excessivamente negativos numa defesa inglesa que teria de ser imaculada (principalmente na zona de Twelvetrees) para aspirar a ganhar a esta equipa da NZ.

O terceiro test match

Com as test series decididas, estará acima de tudo em jogo o orgulho das duas equipas.

A NZ não estará satisfeita com as suas prestações nestes dois jogos, com efeito, a equipa foi vulgarizada (com exceção de 25 minutos deste segundo jogo) por uma equipa inglesa com qualidade e ritmo de jogo. A imagem que tem deixado não tem convencido o mundo do rugby e neste momento mostra-se vulnerável. A dois meses do Rugby Championship e a pouco mais de uma ano do mundial a NZ – ferida no orgulho - quererá recuperar rapidamente o estatuto e nível a que habituou os adeptos do rugby. A NZ não costuma mudar o XV radicalmente, pelo que se esperam algumas alterações, mas sem que tenham, à partida, um impacto negativo na sua forma de jogar.

A Inglaterra disputa esta 3.ªf um jogo contra uma equipa forte dos Crusaders em que as únicas ausências são os seus All Blacks. Espera-se que seja uma segunda equipa a jogar este jogo e no próximo sábado contra a NZ deverá alinha uma equipa não muito diferente da que iniciou o segundo test match. Fará talvez sentido a entrada de Billy Vunipola e de Courtney Lawes (embora Parling e Launchbury estejam em grande forma) e eventualmente uma mudança nos centros.

Previsão: vitória da NZ

Fonte de dados estatísticos: NZ Herald 

sábado, 14 de junho de 2014

Novo "Blogger" - Rodrigo Falcão Nogueira - Análise NZ v Inglaterra (1.º Jogo)

É um enorme prazer contar com a contribuição do Rodrigo, com quem joguei no CDUL. Porque ele jamais o faria, cabe-me sublinhar a dimensão absolutamente extraordinário do Rodrigo enquanto jogador. Não fosse uma lesão, e teria sido, seguramente, um dos mais brilhantes centros nacionais. Chegou cedo aos Séniores do CDUL e rapidamente mostrou que era um jogador de eleição.

Mais tarde, quando Pedro Mello e Castro era treinador dos séniores (e eu seu adjunto), começou a colaborar connosco fazendo análises dos nossos jogos e dos adversários, que só pecavam por serem esporádicas. Eram sucintas, esclarecidas, iluminadas do ponto de vista táctico. O Rodrigo tem um excelente cérebro para o rugby e por isso é uma honra que faça doravante parte do Mister do Rugby. Enquanto não tem acesso (imposições de umas férias merecidas), publico eu a sua primeira contribuição. Peço desculpa por ser já depois do segundo jogo entre NZ e Inglaterra ter sido disputado, mas também estou por fora, com acesso limitado à internet. 

Nova Zelândia – Inglaterra
Eden Park, 7 de junho de 2014

Algumas notas

Não havia dúvidas, restava apenas saber por quantos iria ganhar a NZ.

A NZ apesar de se ter concentrado uma semana antes do jogo tinha apenas como grande ausência Kieron Read (se excluirmos Savea “substituído” na equipa habitual por Cory Jane e Carter que só agora está a voltar dos seus 6 meses de leave).

No outro lado, a Inglaterra preparava o jogo há mais tempo mas faltava-lhe quase toda uma nova equipa, a que tinha jogado a final do Aviva Premiership no sábado anterior (Tom Wood, Owen Farrell, Luther Burrell, Courtney Lawes, Dylan Hartley, Chris Ashton, Billy Vunipola...) à qual acrescia Danny Care, lesionado. Acrescendo a estas ausências, os jogadores ingleses tinham acabado de fechar uma longa e desgastante época de clubes e viajaram meio mundo, adicionando 11 horas aos seus relógios, para três exigentes jogos.

O site planetrugby.com previa uma vitória da NZ por 18 pontos. Tudo apontava nesse sentido.

Nova Zelândia

A NZ implementou um jogo (insistente) ao pé que não lhe é característico (nem dos seus franchises do Super Rugby), mas que tem vindo a tornar-se uma tendência desde a última ronda de jogos internacionais no final de 2013.

Jogo tático de conquista territorial com pontapés para as costas dos pontas ingleses tanto diretamente das fases estáticas ou dinâmicas por Aaron Smith como em jogo corrido essencialmente por Cruden (excelente também nos pontapés aos postes).

Também de jogo corrido e já bem dentro do meio campo defensivo inglês foram tentados pequenos chutos entre linhas para pressionar ainda mais o 3 de trás inglês, mas estes nem sempre com a eficácia desejada (Nonu com um chuto direto para fora, entre vários outros chutos por Aaron Cruden ou Israel Dagg nem sempre a apanharem desprevenidos os bem posicionados e atentos Mike Brown e Marland Yarde, a mesma consistência não se viu no lado de Jonny May).

Mais eficaz foi a utilização de up and unders que com uma pressão asfixiante e eficaz permitiu não raras vezes recuperar a posse de bola ou forçar o erro inglês.

No jogo à mão, a NZ utilizou várias jogadas diretas para o 3.º canal de fases estáticas, tentando tirar partido do facto do abertura e centros ingleses se encontrarem muito juntos e do ponta aberto se encontrar ligeiramente recuado. Estas jogadas poderiam ter sido outro desfecho (como se viu pela facilidade com que a NZ passou a linha da vantagem por fora aos 13m de jogo), não fossem os invulgares erros (básicos) de handling por jogadores experientes neozelandeses (ex. avants de Dagg aos 50m e Barret aos 60m) ou a incapacidade dos decoys NZ em prender no interior os defesas ingleses (porque não terem tentado a perfuração interior à medida que a preocupação inglesa com o jogo no 3.º canal NZ crescia?).   

Em termos defensivos, a NZ teve muitas dificuldades na primeira parte em defender o jogo físico inglês à volta do ruck e na zona do 1.º para o 2.º canal, onde a Inglaterra gosta de iniciar a sua dinâmica ofensiva. A defesa da NZ subiu de qualidade e tornou-se mais agressiva na segunda parte, com placagens ofensivas muitas vezes de 2x1, permitindo não só ganhar terreno a defender, mas atrasar e desorganizar o ataque inglês.

De realçar as dificuldades da NZ em estabilizar as suas mêllèes com muito mérito do pack inglês confirmando uma vez mais a tendência recente nos confrontos entre estas duas equipas.

Melhor nas touches, mas ainda assim a sofrer uma enorme pressão (uma vez mais com grande mérito) inglesa.

Registo de 1 touche e 1 mêllèe de introdução própria perdidas.

O pior terá mesmo sido a quantidade de erros individuais que permitiram inúmeras recuperações da posse da bola pelos ingleses.

Inglaterra

Uma surpresa a forma coesa e física como entraram dentro de campo apanhando a NZ completamente desprevenida, basta recordar a perfuração pelo meio do ruck do capitão Chris Robshaw (excelente leitura) ainda nem havia um minuto de jogo corrido.

Com um modelo de jogo mais aberto nesta era e com o cunho de Stuart Lancaster e da sua equipa técnica, a Inglaterra foi, porém, especialmente eficaz enquanto fez/aguentou o seu jogo físico dinâmico no 2.º canal, lançando os seus avançados (preferencialmente os mais pesados – 1.ª e 2.ª linhas), centros e Marland Yarde. Fixações iniciais suplementadas com rucks rápidos a garantir a continuidade de jogo e avanço no terreno.

No ataque no terceiro canal estruturado em 2 ou 3 planos/linhas de ataque, foram sempre previsíveis, mesmo com espaço, permitindo uma defesa fácil das linhas NZ. Teria sido, porventura, mais eficaz manter a bola viva no seu canal de conforto...

O ataque foi complementado com um jogo ao pé quase sem falhas de Freddie Burns (foram os chutos dele que muitas vezes puseram o ponto final, com vantagem inglesa, no constante ping-pong de pontapés entre as duas equipas), não só em jogo aberto a descobrir o espaço nas costas das unidades mais recuadas da NZ, mas também nos pontapés aos postes.

Os up and unders foram a tática preferida nos contra-ataques ingleses iniciados – na maioria das vezes - com longos e altos pontapés de Mike Brown. Pontapés objeto de uma pressão asfixiante de Marland Yarde que conseguiu muitas vezes sozinho conter os subsequentes contra-ataques da NZ.

A defesa foi dura e com uma pressão rápida e organizada. A utilização da placagem de 2x1 com eficácia e os contra-rucks (em especial Robshaw) foram nucleares na estratégia para parar os All Blacks, quebrando o seu ritmo de jogo ofensivo e permitindo vários turnovers (foram 7 no total vs 6 da NZ).

É também de realçar que a Inglaterra falhou menos placagens (22 vs 13), não tendo tido também necessidade de fazer tantas placagens (105 vs 82), o que não deixa de ser surpreendente e revelador do quanto o jogo ofensivo neozelandês se alterou.

Nas fases estáticas a equipa inglesa foi dominante e extremamente consistente com uma eficácia de 100% na mêllès e touches de introdução própria.

À semelhança da NZ, a Inglaterra terá cometido também um número exorbitante de erros individuais (infelizmente sem dados estatísticos que possibilitem a comparação).

A derrota inglesa

Num jogo sem qualidade em que só o resultado final foi previsível, valeu a emoção do primeiro ao último minuto.

Pela derrota, muito pode a equipa inglesa queixar-se de si própria pelo excesso de erros individuais, por ter feito faltas no seu meio campo aproveitadas pela NZ e pela incapacidade de manter o ritmo e fisicalidade do seu jogo ao longo dos 80 minutos. Em relação a este último ponto a equipa NZ pareceu menos cansada e com melhores opções a sair do banco (em especial Victor Vito e Barret) o que lhe permitiu intensificar o jogo nos últimos minutos e conseguir alcançar o ensaio da vitória.

Os momentos do jogo

       i. O ensaio não assinalado (e bem) a Freddie Burns por avant de Mike Brown (10m).

      ii. O avant de Ben Youngs que permitiu a arrancada de Retallik e terminou com o cartão amarelo a Marland Yarde (69m).

    iii. A decisão de Cruden em jogar à mão uma penalidade frontal quando o resultado estava em 15-15 que quase deu ensaio e deu origem à mêllèe da qual nasceu o ensaio da NZ (75m).

   iv. O ensaio, a qualidade técnica e velocidade de Ben Smith, a leitura de jogo e experiência de Conrad Smith que antecipando espaço no lado fechado do campo discretamente movimenta-se do lado aberto e se posiciona no exterior do outro Smith recebendo de bandeja o passe para um mergulho que valeu a vitória (76m).

Jogadores

Pela positiva...

·   Jerome Kaino – não fazendo esquecer Read, foi fundamental para combater o jogo físico inglês (juntamente com McCaw).
·    Aaron Smith – foi dos poucos que tentou dinamizar o jogo NZ à mão ou fazendo um bom uso do pé.
·  Chris Robshaw – omnipresente com contribuições decisivas no jogo defensivo. (placagem e breakdown) e como “arma de arremesso” no ataque contra a defensiva neozelandesa.
·    Freddie Burns – pela forma como guiou a equipa e controlou o jogo ao pé.

...e pela negativa

·    Israel Dagg – pela falta de concentração, displicência e erros de principiante.
·   David Wilson –pela incapacidade de integrar o jogo ofensivo inglês no espaço com dois avants evitáveis, em tudo o resto esteve bem.

O 2.º test match

Da NZ, sem Read e Dagg, mas com Julian Savea na ponta e Ben Smith a 15, espera-se que mantenha o estilo de jogo, mas com mais posse de bola (mais risco no jogo à mão) e agressividade durante todo o jogo. O jogo ao pé terá como alvo principal Manu Tuilagi. Com mais tempo de treino com toda a equipa, sem o elemento surpresa do primeiro jogo e orgulho ferido – apesar da vitória – antecipo uma subida grande do nível de intensidade e qualidade de jogo da NZ, certamente um jogo com menos erros e previsivelmente com a criação de mais oportunidades de ensaio.

Com a chegada da cavalaria, a equipa técnica inglesa fez 5 alterações (Tom Wood, Danny Care, Owen Farrell, Billy Twelvetrees e Luther Burrell) que irão conceder mais qualidade, dinâmica e poder de choque nos ¾. Ganha ainda um banco forte capaz de entrar e manter o nível e ritmo de jogo (entre outros, Courtney Lawes, Billy Vunipola, Ben Young, Freddie Burns e Chris Ashton). A mudança de abertura não deverá mudar substancialmente a forma de jogar inglesa nem a qualidade e eficácia do jogo ao pé. Já a inclusão de Manu Tuilagi a ponta e Twelvetrees e Burrell no meio, antecipa uma Inglaterra ainda mais física e perfurante, apostando forte na continuidade de jogo (excelente Twelvetrees no offload) utilizando o 3.º canal menos frequentemente. A inclusão de Danny Care confere criatividade, espontaneidade e mais jogo à mão da equipa inglesa, embora os pontapés tácticos com forte pressão devam ser ainda a principal arma inglesa atacante inglesa dentro do seu meio campo defensivo.

Fonte dos dados estatísticos NZ Herald